terça-feira, 22 de novembro de 2011

Tenho uma linda paisagem

Deus me deu esta beleza
Que eleva a minha mente
É um encanto que fascina 
A me prender docemente

É uma paisagem tão linda
A reflectir a beleza
Com o mar lá bem ao fundo
E a serra na sua alteza

É um esplendor verdejante
A me inundar o coração
É um bom dia ao acordar
A me trazer reflexão

Percorro à minha volta
Vejo em tudo a mão divina
No meio de tanta grandeza
Eu fico mais pequenina

Olho em todas as direcções
Vejo o colorido dos telhados
A realçar a beleza
Entre os verdes matizados

Vejo os montes e vales
E uma cordilheira vistosa 
O espaço me domina
E me torna venturosa

Vejo as nuvens a pairar
Parecem a competir
Fazendo um lindo cenário
Deixando o azul a surgir   

O sol deita os seus raios
Parece a me saudar
Arrastando a luz e o calor
Deixando tudo a brilhar

Sinto a brisa a passar
Numa onda de mansinho 
Trazendo o perfume dos campos
Direito ao meu cantinho

Sinto-me uma privilegiada
A viver neste esplendor
A natureza me invade
Me dando alegria e vigor

Vejo o sol ao meio-dia
A restabelecer a natureza
Espalhado a cada canto
A preservar a beleza.

Ao abrir a minha janela
Tenho a montra logo à frente
Uma cordilheira esbelta
Com seu verde permanente

Olhar outro ângulo
É uma beleza infinda
Numa paisagem radiante
Um jardim que nunca finda

Tudo o que a vista alcança
Tem um poder infinito
É uma obra preciosa
A elevar o meu espírito


 Por  Arlinda pínola   22-11-2011

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A aparição do Anjo aos pastorinhos na Cova da Iria


Lúcia ainda pequenina
Mas de grande coração
Se ofereceu a Jesus
Na primeira comunhão

Com nove anos de idade
Aceitou ser pastorinha
E p’ra levar a pastar
Um rebanho ela tinha

Sua primeira experiência
Fora guardar o rebanho
Mas a cuidar das ovelhas
O fazia com empenho

Cumprindo sua tarefa
Seu coração falava alto
E os seus pés percorriam
A encosta e o planalto

E em sua companhia
Iam outras pastorinhas
Juntas levavam a pastar
Cordeiros e ovelhinhas

Os seus puros corações
As fazia olhar bem alto
E as suas simples orações
Moviam aquele planalto

Numa manhã de Primavera
De mil novecentos e dezasseis
Subiram para a montanha
Com as ovelhas e os farnéis

Já depois do meio dia
Logo após o almoço
Viram um vulto brilhante
Quando rezavam o terço

Pairava sobre o arvoredo
Como estátua de cristal
E o Sol com os seus raios
Dava-lhe o toque final

E lá ficou esse vulto
Transparente como neve
E sem dar explicações
Pairava suspenso e leve

Como a primeira aparição
Ouve a segunda e a terceira
Deixando essas crianças
Numa ânsia verdadeira

E as crianças não calaram
Segredo dessas visões
E a notícia se espalhou
Os metendo em confusões

Lúcia ficou desiludida
Substituiu as companheiras
E fez de Francisco e Jacinta
Uns amigos sem barreiras

O Francisco e a Jacinta
Queriam ser pastorinhos
E então pediram aos pais
Que comprassem cordeirinhos

Queriam ir para os montes
Levar o rebanho a pastar
O seu desejo era a folia
Porque lá podiam brincar

Juntos passavam os dias
Em alegria permanente
E a pastar o seu rebanho
Levavam Jesus presente

 Aquele dia imprevisível
O chuvisco apareceu
Mas para o abrilhantar
O Sol, a volta lhe deu

Depois de comerem a merenda
P’rá gruta mágica foram rezar
E para passar a tarde
Às pedrinhas estavam a brincar

E de repente num dia calmo
Surgiu o vento a soprar
E ao olharem para o Céu
Viram um Anjo a flutuar

O Anjo radiante de branco
Que lhes disse não temais
Rezem comigo esta oração
Eu sou o Anjo da Paz

“ Meu Deus, eu creio, adoro,
espero e amo-Vos.
Peço –Vos perdão pelos que
Não crêem, não adoram, não
Esperam e não Vos amam.”

Aquele Anjo resplandecente
Debruçado sobre o chão
E às crianças ensinou
Esta linda oração

Essas crianças guardaram
Esse segredo em comum
Prometeram não descobrir
Nem por motivo algum

Lúcia, Jacinta e Francisco
De corações verdadeiros
E p’ra agradar a Jesus
Não poupavam nos rodeios

Brincavam na quinta da Lúcia
Num lindo dia de Verão
E novamente apareceu o Anjo
A pedir mais oração

E o Anjo disse: “Rezai
Para Deus perdoar aos pecadores”
Assim trareis a Paz ao País
Aceitando sacrifícios e dores

Dizendo:
 “Os corações de Jesus e Maria
estão atentos à voz das vossa súplicas.”

Depois de passar algum tempo
Brincavam do Arneiro
E ao levantarem a cabeça
Vêem de volta o Anjo mensageiro

Eles brincavam às pedrinhas
E o Anjo perguntou: “O que fazeis?”
Dizendo: “Rezai, rezai muito”
E os pecadores salvareis

Pedia sem excepção
Continuem a rezar
À Misericórdia Divina
Para os pecadores salvar

Era um jovem encantador
De brilho celestial
E ao se despedir, dizia
Sou o Anjo da Guarda de Portugal

Lúcia, Jacinta e Francisco
Ficaram presos à visão
Sem nunca esquecer a mensagem
Do sacrifício e oração

E aquelas três crianças
De tão puros corações
Mesmo sem saberem ler
Decoravam as orações

 Alguns meses mais tarde
Dando voltas com o rebanho
Foram ter à Loca do Cabeço
Onde rezavam com empenho

E quando estavam na gruta
Prostrados em oração
Viram chegar o Anjo da Guarda
Trazendo um cálice na mão

O Anjo trazia o cálice na mão
E a Hóstia suspensa no ar
E pró cálice, caíam gotas de sangue
Que a Hóstia vinha a brotar 

O Anjo deixou suspenso
O cálice e a Hóstia no ar
E prostrando-se com as crianças
Sobre a terra a orar

E repetindo três vezes, esta linda oração
“Santíssima Trindade, Pai Filho Espírito Santo,
adoro-vos profundamente.”

Ao terminar de rezar
O Anjo deu a comunhão
E a Lúcia comungou a Hóstia
O Corpo de Jesus Cristo em pão

Deu o cálice a Jacinta e ao Francisco
Dizendo: “Tomei e bebei:
É o Corpo e Sangue de Jesus Cristo”
Aquele que do Céu e da terra é Rei

E ficaram aquelas crianças
Com Jesus no coração
E o Anjo subiu ao Céu
Os deixando em oração

 Lúcia Francisco e Jacinta
Três corações bem activos
Sempre guardando a Jesus
Aqueles sacrários vivos

Deus mandou a mensagem
E o Anjo o Mensageiro
As crianças foram o sol
Exemplo para o mundo inteiro

Noventa anos passaram
E mudou as gerações
Mas a mensagem de Fátima
Fez-se luz nos corações                     


23-1-2006 Arlinda Spínola

Eu escrevi esta história baseada no que ouvi falar e vi em slides  do Anjo e dos pastorinhos.

domingo, 6 de novembro de 2011

Pão por Deus 1/11/ 2011

   
O Pão por Deus nesta ilha
É uma velha tradição
Foram os nossos avós
A nos passar a lição

Foi uma lição de partilha
Em que tudo se dividia
Eram os frutos do Outono
Repartidos nesse dia

Pró dia do Pão por Deus
Há frutos especiais
Figos, castanhas e nozes
A significar muito mais

O Pão por Deus é uma festa
P’ro adulto e p’rá criança
Antes de chegar ao dia
Trazem isso na lembrança

Os bolos do Pão por Deus
São muitos especiais
Com sabor a erva-doce
Ficam saborosos de mais

Maçãs e frutos secos
Bolo de milho e água-pé
Um bom vinho e companhia
Partilhando sabores e fé.

A festa começa na véspera
Com as crianças a partilhar
A darem e a receberem
Num exemplo espectacular  

Muitos poucos, fazem muito
E o muito sem Deus é nada
O que faz o Pão por Deus
É a mesa partilhada 

O bolo de milho é rei
No dia do Pão por Deus
É servido como iguaria
Deliciando meus e os seus

Também se festeja os Santos
No Dia do Pão por Deus
É um recordar intenso
Cada qual pensa nos seus

Dia dois é dos finados
Eles aguardam a oração
São espíritos que anseiam
Chegar à perfeição

Esse dia é de luto
E cheio de sentimento
Cada qual lembra os seus
Com saudade e desalento

                    Por Arlinda Spínola