sábado, 31 de dezembro de 2011

Terminou 2011


O ano começou em Janeiro
Dei conta estava em Setembro
Sem ver o tempo passar
Já cheguei a Dezembro

Trezentos e sessenta e cinco dias
Contados de um a um
Divididos por uma dúzia
Tornando o ano comum

Apenas ficam na conta
Segundos, minutos e horas
Semanas, meses e anos
De fracassos ou vitórias

Contamos as estações
Com reflexo singular
As cores a definirem
A época e o lugar 

Sem pensar chegamos ao fim
Do nosso dois mil e onze
As perspectivas anunciadas 
É trocar ouro por bronze

Vai passando cada dia
Sem voltar a repetir
Vai-se o sol e chega a lua
Numa missão a cumprir

O ano é sempre crescente
Do primeiro dia a contar
É todo muito certinho
Ninguém o pode enganar.

Sem termos noção do tempo
Mudamos o calendário
No meio das emoções
Sem desfazer o cenário

Não há paragem no tempo
Sempre a andar e a contar
Sem se prender a nada
Num total a se doar

Não sentimos a realidade
Do momento que é real
O desenrolar ao segundo
Faz a ilusão desleal  

Hoje é a despedida do ano
Uma página virada para trás
Bem-vindo o dois mil e doze
Que traga saúde, amor e paz

Vem cheio de incertezas
Pois não podemos prever
Cada dia é sempre único
E não se o pode conter

 Por Arlinda Spínola

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fui rica sem me dar conta


Fui rica sem me dar conta
Tive sempre o necessário
Mas andar despercebida
Fez-me viver num calvário

Tive amor e uma família
E o pão de cada dia
Sem nunca me faltar nada
Quanto mais tinha, queria

E assim sem me dar conta
Fui vagueando na vida
Ansiando o impossível
Forçosa luta perdida

Olho p’ra trás e prós lados
Vejo quanto eu perdi
A vida seria tão bela
Mas só agora percebi

Valorizar o que temos
Trás saúde e felicidade
Dá largas ao coração  
Trazendo paz e liberdade

É tão bom se sentir livre
Com os pés centos no chão
Concentrar-se na realidade
Deixando para trás a ilusão

Há tanta gentinha pobre
Debaixo do egoísmo
A terem tudo p’ra serem ricos
Mas indiferentes ao realismo

Hoje olhei para o mundo
E fiz desta a reflexão
Senti vergonha de ser
O mar da lamentação

                                    Por Arlinda Spínola 7/12/2011   

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O Percurso que Seguimos


Fomos flores na primavera
O sol quente no verão
Folhas persistentes do outono
E ao inverno, chegaremos ou não

A nossa vida foi de etapas
Todas elas com ação
Já desde o ventre materno
Pulsava o nosso coração

Começamos a lutar p’rá vida
Mesmo sem termos noção
Era apenas o instinto
A pôr tudo em acção

E assim fomos crescendo
Num percurso de evolução
Desde criança a adulto
Alheios à dimensão  

Quando éramos crianças
Os nossos pais eram heróis
Era a maior satisfação
Vê-los chegarem até nós

O colo da mãe acalmava
E fazia adormecer
O joelho do pai era disputado
Com todos a concorrer 

E depois veio a adolescência
Era tudo muito bonito
Mas a falta de experiência  
Fazia armar o conflito

E aí se gerava a confusão
Víamos tudo ao contrário
Achávamos ter a razão
Mas sem fazer comentário

Crescemos mais um bocado
Veio a responsabilidade
E encarar a vida de frente
Passou a realidade

Acordados sonhamos alto
Cada qual escolheu seu par
Movidos pela força do amor
Até namorar e casar

Formamos uma família
Chegou o primeiro filho
A vida a se desenrolar
Entre nuvens e brilho

Continuando o percurso
Cada qual com sua cruz
Despedindo da primavera
Esperando um verão de luz

E a família foi crescendo
Formando assim um jardim
Cada cravo e cada rosa
Vinham de dentro de mim

Depois Chegou o verão
Com as flores a dispersar
Seguindo o seu destino  
Para outros jardins formar

Começaram a chegar os netos
Um renovar de emoções
Luzes dos nossos olhos
Que nos enche os corações

Começamos a olhar para eles
Realçando o pensamento
Vendo os traços dos nossos filhos
Presentes em cada rebento

Aí aparecem os sinais
Do outono a chegar
A despedida do verão
Põe tudo a modificar

São os cabelos brancos
As rugas a se alongar
Os passos mais vagarosos
E a memória a falhar

Chegando ao outono
É grande a satisfação
Só nos resta o inverno
Ainda sem previsão

Já fomos a tempestade
Também trouxemos bonança
Em todas as alturas da vida
Tivemos horas de criança

Hoje na terceira idade
Somos livros de lições
Dos obstáculos encontrados
E do encontrar soluções

Chegamos ao nosso outono
Deixando p’ra trás o verão
O tempo voou tão rápido
Que até nos cria ilusão

Somos árvores persistentes
Sem termos raiz ao chão
Os nossos filhos são frutos
A continuar a geração

Alcançamos o outono
Com o embalar do verão
Mas a alegria da primavera
Tem sido o nosso bordão

Cada etapa da nossa vida
Fomos deixando p’ra trás
Seguimos sempre em frente
O passado, não volta mais

A nossa vida é um percurso
Sem noção da distância
Pode ser curta ou longa
Não vem daí a importância

Interessa é chegar à meta
Cumprindo a sua missão
A realidade da vida
Não deixa haver ilusão 

Chegamos até ao outono
Com realidades e fantasias
Num enrolar de surpresas
De tristezas e alegrias

Foi tão bom chegar ao outono
E rever a mocidade
Ver o trilhar do caminho
Numa nuvem de saudade


 Por Arlinda Spínola  5/12/2011

17-7-2011 O dia do encontro dos amigo da irmã Wilson


Dia dezassete de Julho
Santana amanheceu a chuviscar
Era o encontro dos amigos
E o sol não queria brilhar

Quem sabe seriam graças  
Que do céu estavam a cair.
Deixando o povo sombrio
A interiorizar e a reflectir

Os amigos da irmã Wilson
Preparavam a Eucaristia
Trazendo de toda a ilha
Um manifesto de alegria

Olhavam uns para os outros
Com um sorriso radiante
Era a festa dos amigos  
Um encontro importante

Eram amigos da irmã Wilson
De vários pontos da ilha
E Santana foi escolhida 
Para o encontro maravilha

O relógio batia onze horas
Começava a Eucaristia
E os cânticos entoados
Manifestavam alegria

Era um interiorizar
A avivar o sentimento
As palavras do evangelho
Foi um grande suplemento

A parábola do trigo e o joio
Esclarecida sem rodeio
Um alerta para nós
Da erva ruim neste meio

Não queiramos deixar o joio  
Contaminar o nosso coração
Esta vida é preciosa, mas curta
Só intervalo p’rá conversão

Partilhamos a Eucaristia
Momento espiritual 
Deus, o povo e o celebrante
Unidos à força sobrenatural

Acabou a Eucaristia
Com o tempo ainda fresquinho
Tivemos de alterar planos
E o salão dê-nos jeitinho

Tivemos almoço convívio
Em que não faltou de comer
Semilhas, carne e sumos
Foi a ementa a oferecer

Todos ficaram saciados
E o que ainda sobrou
E o almoço dos amigos
Terminou como começou

Todos ali satisfeitos
Com boa disposição
Alegria a transbordar
Do fundo do coração

Depois de saciar corpo e alma
Veio a descontracção
Juntaram-se os amigos
Para fazer a apresentação

E aí, apresentados
Começou a diversão
Duas jovens especiais
Davam largas ao coração

E as jovens entusiasmadas 
A divertir toda a gente
Das suas vozes geniais
Chegava a nós a corrente

E começou toda a plateia   
A bater palmas e a cantar
Com tanta animação
Parecia uma festa popular

Um convívio tão sadio 
Com alegria a transbordar
Pareciam umas crianças
Já não querendo parar

Seguimos p’ro Pico das Pedras
Em convívio de excursão
E os amigos da irmã Wilson
Com a mesma animação

Chegamos ao Pico das Pedras
Parecia mudar a estação
O sol ali nos brindava
Com o calor do Verão

Era mesmo um arraial
Recordavam a mocidade
O sucesso dos anos sessenta
Nas vozes da terceira idade.

Cantavam e se divertiam
Esquecendo a sua idade
O solzinho e o ar puro
Dava ânimo e felicidade

Foi apenas uma hora
Mas de intensa animação
O tempo voou tão rápido
Mas alentou no coração

Chegou a hora da partida
Cada qual ao seu destino
Uns do norte e outros do sul
Unidos num só domínio 

E os amigos da irmã Wilson
Deram o encontro por terminado
Despedindo-se com um sorriso
Um adeus e um obrigado

Em Santana acabou a festa
Deixando-nos o coração cheio
Mas os amigos visitantes
Continuaram o passeio. 

  Por Arlinda Spínola
          Relato do 
O convívio desse dia.

Irmã Wilson 2011


Bem vindos ao berço do norte
Partilhar o que temos em comum
A amizade que afirmamos
Um por todos e todos por um 

Nós amigos da irmã Wilson
Também somos privilegiados
Integrados na sua lista
Sentimo-nos consagrados

Somos amigos da irmã Wilson
Cada qual na sua missão
Mas o exemplo da amizade
Chegou-nos ao coração

A irmã Wilson foi semente
Que veio se infiltrar
Trazendo em seu coração
Tanta coisa a germinar

Trouxe-nos conhecimento
Exemplo a transbordar
Caridade, paz e amor
Tudo nela a flutuar  

Com o seu grande coração
Quis abraçar a Madeira
Desde o sul até o norte
Entregando-se sem barreira

O seu lema foi servir
A pobreza a comoveu
Não podendo ignorar
Em tudo se envolveu

Foi uma mulher de armas
Com a caridade em acção
O amor ao próximo foi a chave
Para tanta dedicação

A irmã Wilson deu a mão
Ao velho e à criança
Restabeleceu a dignidade
Àqueles sem esperança

Foi um mar de caridade
Uma enchente de amor
Da luz que ela transbordava
Veio até nós o calor
  
Com suas ideias firmes 
Sem se deixar iludir
Os planos traçados por ela
Lutou até conseguir

Acudia os necessitados
Dava assistência aos doentes
Até fazia os remédios
P’ra curar os pacientes

Curava corpos e almas
Tinha o dom no coração
E as suas palavras calmas 
Era um grito de atenção

No meio de uma pobreza
Seguindo os seus ideais
Sempre de coração aberto
A ajudar mais e mais

Ao povo de Santana
Ela também deu a mão
Dos seus conhecimentos
Tivemos tanta lição

Foram lições de amor
De trabalho gratuito
No ensino escolar
E no alívio ao aflito 

Foram as suas seguidoras
Que aqui vieram parar
Para ajudar um povo humilde
Analfabeto mas singular

Serviam de professoras
Enfermeiras e advogadas
Catequistas e sacristães 
E também de consagradas

Santana ainda preserva
A herança deixada por ela
É a escola da Sagrada família
E as irmãs seguidoras dela

A irmã Wilson foi a mão de Deus
A trabalhar sobre a terra
Para os mais necessitados
Fez do inverno a primavera

17-07 -2011
Arlinda Spínola

O encontro dos Amigos da irmã Wilson
A começar o dia em Santana.

EU VI UMA NUVEM


Eu vi uma nuvem correr
Empurrada pelo vento
Parecia a se desfazer
Forçada e em desalento

Era uma figura tão linda
Um par de bailarinos seria
Dançando ao sabor do vento
Em passos de correria

A nuvem sobressaía
Naquele azul radiante
Parecia estar exposta
Num expositor de diamante

Fui seguindo aquela nuvem
E ela mudou de figura
Parecia estar a lutar
No espaço com bravura

Se uniu ás outras nuvens
Formando um mar de algodão
Para despistar o vento
Mas não mudou a direcção

Seguiram sempre em frente
Sem se poder desviar
Nem a nuvem foge ao destino
Que Deus tem para lhes dar

Todos nós somos a nuvem
Agitada pelo vento
Andamos aqui no mundo
Por vezes sem sentimento
 
Somos o vento que empurra
E a nuvem que vai à frente
Nesta passagem no mundo
Nada fica indiferente

Por Arlinda Spínola

QUERIA SER ANDORINHA


Queria ser andorinha
Para poder viajar
Acompanhando o Verão
Sem o deixar escapar

Per correndo o mundo 
Sem encontrar tempestades
Voando como andorinha
Sobre campos e cidades

Voando de ponta a ponta
Conhecer o mundo inteiro
Para poder compreender
A falta do amor verdadeiro

Este mundo de virtudes
Está coroado de maldade
Com guerras em vez de paz
Enlutando a humanidade

Se o coração do homem
Senti-se o verdadeiro valor
O mundo daria para todos
Viver em paz e amor

Neste mundo que é tão rico
Existe mas é pobreza
Sendo de bens terrenos
E do espírito com certeza

 São os pobres de espírito
Que na onda estão a ir
Ainda tem mais miséria
Que o corpo está a sentir

Queria voar mais alto
Mas esta é a realidade
Com a minha pequenez
Não tenho capacidade

Por Arlinda Spínola 

ENCONTREI UM CORAÇÃO


Encontrei um coração
Que estava destroçado
Dentro dele havia amor
Mas andava abandonado

Era um coração de ouro
Por uma jovem perdido
Deixado à sua sorte
Podendo correr perigo

Um coração deprimido
Cheio de mágoa e de dor
Num canto abandonado
Como objecto sem valor

Lamentava em silêncio
Guardando só para si
Sua mágoa atormentava-o
Nos seus olhos eu a li

Era um coração fechado
Com transparência real
Parecia mesmo de vidro
Que não deixava ocultar

Num grande desalento
Atingido pela ilusão
Com uma seta cravada
A traspassar o coração

Esse coração sangrava
Se deixando esgotar
Trancado ás sete chaves
Sem se querer libertar

Alegra-te coração
Deixa a tristeza voar
A vida são só dois dias
Não te deixes enganar

 Por Arlinda Spínola

ARDÓSIA


A.   E. I .O. U.
As letras que eu aprendi
Escrevendo numa ardósia
Foi assim que eu consegui

Primeiro tracei uns riscos
Cruzes e muitas bolinhas
Assim foi a descoberta
Para  aprender estas letrinhas

Na minha rica ardósia
Ia riscando e apagando
As letras da Professora
Essas eu ia imitando

Copiava letra a letra
Procurando imitar
Levava o dia todo
A escrever e apagar

Na ardósia eu treinava
As letras do abecedário
Números e tabuadas
Era para todo o trabalho

No tempo dos meus avós
Ardósia já era usada
Era o material principal
Para começar a jornada

Um lápis e uma ardósia
Dentro de uma cevadeira
Era o material usado
Junto ao livro de primeira

Por Arlinda Spínola

POVO HERÓICO


Ó Santana
O teu isolamento
Fez um povo
Heróico
Sem medo de viver
Orgulhoso do seu trabalho
Defensor dos  seus direitos
Cumpridor dos seus deveres
Decidido
Não perdeu tempo
Lutou
Pela dignidade
Simplificou a sua imagem
Com os seus trajes
Modestos
Fruto do seu trabalho
Pés descalços
Na cabeça
Lenço ou barrete
Orgulhosos
Da sua identidade
Cresceu
Deu vida
Multiplicou-se
Ó Santana
Somos os teus filhos
Seguidores
Do mesmo ideal
Voamos sobre asas
Deixadas
Por esses Heróis
Que partiram sem deixar nome.

Por Arlinda Spínola

A FAMÍLIA


A família é realidade
Não é sombra que fique atrás
São laços profundos de amor
Que não tem fim nunca mais

Somos a semente germinada
Da vida dos nossos pais
Na família se adquire
As qualidades principais

Não podemos escolher a família
Nem o local onde nascer
Nascemos tão indefesos
Só com a vida para viver

É com o amor da família
Que nós somos protegidos
Com  carinho dia a dia
Os reflexos são vencidos

A primeira escola da vida
É no berço que se inicia
Com amor dos nossos pais
Aprendemos a cada dia

Todas as famílias nascem
De laços profundos de amor
É na oração e sacrifícios
Que se mantém o valor

Não há felicidade completa
Com amor se adquire
É no dar-se uns aos outros
Que se pode conseguir

É no dar que se recebe
Só assim se pode amar
Manter uma família unida
É preciso partilhar

Alegria, saúde e doença
Tudo faz parte do dia a dia
A família só é feliz
Com paz, amor e harmonia

Só há felicidade nas famílias
Havendo sempre o perdão
O amor traz alegria
Que nos enche o coração

Aliança  da família
É o amor resplandecente
Que vibra nos corações
E dá à vida outra vertente

A união das famílias
Traz-nos a maior riqueza
A força que vem do amor
Faz-nos viver com clareza

As famílias são a luz
Que reflecte no mundo inteiro
É essa a fonte que brota
A paz e o amor verdadeiro

A família é a árvore da vida
Que se alimenta do amor
Os filhos são os rebentos
Que crescem e dão flor

A família é alegria
É conforto e alento
É uma mistura de tudo
Também nos trás sofrimento

Por Arlinda Spínola

Dia dos NAMORADOS (14.02.2008)


Por vezes na ilusão
Lutei por um ideal.
Não foi esforço em vão
O teu amor foi leal.

Apenas uma carta escrita
A volta que ela nos deu.
Tu deste-me o teu amor
Em troca te dei o meu.

A nossa vida em comum
Já há trinta e oito anos.
Se formos olhar para trás
Na realidade sonhamos.

Muitos projectos e sonhos
Passaram à realidade.
E os nossos corações
Sempre em ansiedade.

O nosso amor é constante
Num sorriso, ou num olhar.
Numa palavra, ou num gesto
Tudo reflecte em amar.

Nosso amor foi primavera
Que nos fez alcançar o verão.
Já caminhamos no outono
Juntos de alma e coração.

Por Arlinda Spínola 
O nosso amor é sempre primavera.

domingo, 4 de dezembro de 2011

A Primavera da Vida


A primavera da vida
Não tem volta nunca mais
Depressa chega ao Verão
E o outono vem atrás

A primavera florida
Não brilha fisicamente
Há quem tenha oitenta anos
E a conserve em sua mente

Primavera é juventude
Verão amadurecimento
Outono é de acréscimo
Inverno acolhimento

A primavera não morre
P’ra quem a sabe viver
Ela renasce a cada dia
Sem nunca envelhecer

A primavera não dorme
É um despertar em ação
É reflexo que realça
Renovando o coração


Para manter a primavera
É saber lhe dar valor
Guardando-a em sua mente
E à tratando com amor

Não deixes a primavera
Escapar da tua vida
Faz ela rejuvenescer
Pois ela é muito querida

A primavera é recordada
Quando olhamos para trás
Ao vermos o que perdemos
A ilusão fica demais

A primavera reúne
As pétalas já desfolhadas
É como o amor a renascer
De antigas magoas passadas

A primavera é alegria
É vibrar constantemente
É um avivar da vida
Que nos faz andar p’rá frente

É uma chama de luz
A iluminar o nosso ser
A primavera não acaba
Se à conseguirmos conter 

A primavera se prolonga
Por todas as estações
Ela tem sempre um espaço
P’ra brilhar nos corações

Na chegada do Outono
Há quem sinta a primavera
Por fora já amarrotado
Por dentro sempre o que era

A primavera retardada
Faz encurtar o verão
De repente vem Outono
Com o inverno pela mão

E aí fica um intervalo
P’ra rever a primavera
Acabando de gravar
A passagem cá na terra

No inverno colhemos tudo
Da sementeira da vida
É o findar dum caminho
De uma missão comprida

P’rá primavera brilhar
É preciso muito amor
Dividir o coração
E uma vida sem rancor

Por Arlinda Spínolo
 26 /11/2011

A ROCHA DO NAVIO


Para chegar à rocha do navio
A vereda é acidentada
Com mais de mil degraus
Numa encosta inclinada

Aos esses cá e lá
É percurso a caminhar
A paisagem é tentadora
O que custa é lá chegar

Ouve-se os passarinhos
Com um doce chilrear
Parecem louvar a Deus
Por aquele rico manjar

Tem ar puro que refresca
Junto à maresia do mar
Há florestas nos rochedos
E queda de água no ar

É cantinho de terra e mar
Que faz voltar ao passado
O sossego que lá tem
E o perfume equilibrado

Aquele azul do mar
Reflecte no coração
Mostra a beleza infinita
De Deus Rei da criação

É canto de reflectir
Para quem quer meditar
No meio daquele silêncio
Não se vê o tempo passar

Aquele fundo realça
Uma pintura natural
Um quadro a reflectir
O céu a terra e o mar

Descendo de teleférico
Suspende a respiração
É um sonhar acordado
Num lindo dia de Verão

É um pequeno paraíso
Aquele lindo recanto
Com beleza a seduzir
O Oceano Atlântico

Lá na rocha do navio
É reserva natural
Proteger a fauna marinha
É um compromisso leal

O mar esconde segredos
Que não revela a ninguém
Surpreende a cada instante
A revolta que ele tem

Tem o calhau espaçoso
E as ondas num vão e vem
Parece cumprimentar
E agradecendo também

Ao canto tem um ilhéu
Que lhe dá a sua graça
É um arranjo natural
A prender o olhar de quem passa

O calhau representa a força
Que no mar se mantém
As pedras arredondadas
Não deixa iludir ninguém

Vai arrastando e enrolando
As ondas que vem e vão
O domínio das marés
Deixa o mar sempre em acção


Por Arlinda Spínola
Há alguns anos atrás, numa ida à Rocha do Navio