Dia 20 de Fevereiro de 2010
Forte chuva surpreendeu o Funchal
Em que deixou a cidade
Num calhau tão brutal
A chuva caída nos montes
Fez as encostas desabar
Levando tudo para as ribeiras
Sem ninguém poder controlar
Até houve muitas casas
Que ficaram destruídas
Com aquelas derrocadas
Elas eram atingidas
Eram pedras lama e árvores
Tudo a correr para as ribeiras
Deixando em desespero
Quem vivia naquelas beiras
Sem saber para onde ir
Com o perigo a espreitar
Algumas pessoas morreram
Querendo se salvar
A capelinha das Babosas
Também foi na enxurrada
Salvando-se o crucifixo
E a Imagem da Virgem Imaculada
A chuva era tão forte
Que pôs tudo a se destruir
Deixando toda a gente aflita
Sem saber para onde ir
A Protecção Civil
Enviava comunicados
Que as pessoas não saíssem de casa
Que estava perigo em todos os lados
O enxurro era tanto
Levava tudo à frente
Sem deixar lugar seguro
Num risco constantemente
Eram aquelas enxurradas
E as pessoas a correr
À procura de lugar seguro
Para poder sobreviver
Viam tudo a deslizar
Naquela força de enxurro
Os carros eram arrastados
Junto com o pedregulho
Bombeiros e Polícia
Não tinham mãos a medir
Estavam a arriscar a vida
Para o seu dever cumprir
Até houve um bombeiro
No cumprimento do dever
Estava a salvar uma senhora
E com ela veio a falecer
Foi arrastado pelas águas
Quando salvava a senhora
E assim foram duas vidas
Naquela mesma hora
A força das aguas era tanta
Que ninguém a podia conter
Corria por todo o lado
Como não se fazia prever
A televisão transmitia imagens
Do trágico acontecimento
Deixando a ilha inteira
Em sobressalto e desalento
A ilha inteira ficou unida
Naquela grande aflição
Ao ver tanta tristeza
Abalava o coração
Aquele centro da cidade
Estava sem segurança
Nem os centros comerciais
Se davam segurança
As montras ficaram tapadas
De pedras e enxurrada
Era tudo um mar de lama
Que não se via mais nada
As ruas eram ribeiras
Difíceis de desaguar
A água entrava nas lojas
Com tudo a se alagar
Foi um dia horrível
E um cenário tão triste
No meio daquilo tudo
Um povo que não desiste
Mostravam na televisão
O que estava a passar
Aquela fúria das aguas
Das ribeiras a saltar
Eram ondas tão gigantes
Que fazia apavorar
A enchente era constante
Pondo a cidade a transbordar
Eram as três ribeiras
Com caudal sem igual
Foi uma grande catástrofe
Nas ruas do Funchal
A Protecção Civil
Foi posta toda em acção
Trabalharam noite e dia
Sem terem interrupção
Eram Bombeiros e Polícia
Numa azafama sem parar
A salvar gente em risco
Que a água queria levar
Houve muitos feridos
Que conseguiram escapar
No meio de tanto perigo
Alguém os fora salvar
Houve dezenas de mortos
E centenas sem abrigo
Foi um dia de incertezas
Para familiares e amigos
Todos queriam saber dos seus
Mas não havia comunicações
As notícias que se conseguia
Era mesmo das televisões
Com as ruas interrompidas
Ninguém podia passar
Os anseios eram tantos
Para com as famílias falar
As pessoas deram as mãos
Com toda a generosidade
Ajudando-se umas às outras
Naquela fragilidade
Uns ficaram sem abrigo
E outros sem condições
Foram alojados nas Forças Armadas
Nessas mesmas instalações
Houve outros a se recolher
Em casa de familiares ou amigos
Sempre não estavam sozinhos
Sem se esquecerem dos perigos
Não havia lugar seguro
Na cidade do Funchal
Em qualquer rua ou canto
Nada estava normal
As ribeiras não pouparam
Avenidas nem rotundas
Deixando tudo em calhau
Com consequências profundas
As ruas eram ribeiras
Não dava para acreditar
Aquilo ali era estrada
Parecia calhau de mar
Era tão ameaçador
Arrastava tudo à frente
Trazia rocha e lama
Com força surpreendente
Muitos fizeram de repórteres
Mesmo sendo população
Filmando os acontecimentos
E enviando para a televisão
E assim era transmitido
Imagens daqui e de além
Enchentes das três ribeiras
Sem ilusões p’ra ninguém
As imagens correram mundo
De todo aquele terror
Deixando os imigrantes aflitos
Ao ver tanto horror
Não havia comunicações
O que fazia barreira
Para poder contactar
Com a ilha da Madeira
Enquanto não contactavam
Com os seus familiares
O pânico era constante
Em todos os lares
Depois do sábado de horror
Vimos a destruição
Aquelas ruas do Funchal
Estavam numa desolação
Eram os carros esmagados
Entre aquele pedregulho
As montras mal tratadas
Abarrotar de entulho
O que na sexta brilhava
No sábado em lixo ficou
A calamidade foi tão grande
Que o Funchal desfigurou
Contabilizaram os mortos
E os outros desaparecidos
Contaram os desalojados
E também os feridos
Ainda estava a chover
Já começaram a trabalhar
Na limpeza da cidade
P’rá normalidade voltar
A desentulhar a cidade
Foram máquinas e camiões
Tudo na maior ordem
Mesmo sem haver condições
Juntaram-se à Protecção Civil
A Câmara e empreiteiros
A trabalhar sem limites
Noites e dias inteiros
Foram todos unidos
A ajudar no que podiam
Sem olhar a profissões
De tudo eles faziam
Também os comerciante
Sem muito mais esperar
Puseram mãos à obra
E começaram a limpar
Era uma dor de alma
Ver tanta destruição
O” STOCK que havia
Era lixo pelo chão
Juntaram-se todos unidos
Funcionários e patrões
A limpar as suas lojas
Para por em condições
Os estragos eram tantos
A não dar satisfação
Ainda viam as percas
Para a contabilização
Os parques de estacionamento
Também foram afectados
Os carros que estavam lá dentro
Ficaram todos alagados
Foram precisas motores
Para tirar tanta água
Estava cheio até ao cimo
Que fazia grande mágoa
Foram limpar as ribeiras
Para a água desaguar
Mas o entulho era tanto
Que estava a transbordar
Não foi só o Funchal
Que o mau tempo afectou
Também noutros Concelhos
A intempérie chegou
Foi em Câmara de Lobos
Santa Cruz e Ribeira Brava
A enchente foi tão rápida
Que a todos apavorava
O Concelho da Ribeira Brava
Foi muito afectado
Onde também houve mortos
E outros desalojados
Caíram muitas derrocadas
No caminho principal
O que deixou a Serra de Água
Em isolamento total
O Curral das Freiras
Também ficou isolado
Com a chuva torrencial
Eram derrocadas por todo o lado
Foram várias as zonas da Madeira
Que ficaram afectadas
Com imensas inundações
E as muitas derrocadas
4 comentários:
Eu fiz o resumo desta história na altura dos acontecimentos,conforme ia vendo as noticias na televisão e ouvindo na rádio, fui escrevendo. Eu hoje 2 anos depois publico aqui para lembrar esse dia.
Aqui na região do Rio de Janeiro, e em Santa Catarina, isto sempre acontece. No ano passado houve muitos deslizamentos.
Você escreve bem, Arlinda. Teve pouco estudo, mas se vira bem nas rimas, e tem tino para a poesia. Muito boa!
Obrigada prima Neuza.
Obrigada prima Neuza. Beijinhos
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