sábado, 8 de setembro de 2012


O povo santanense

O Povo de Santana
Tem a sua discrição
É lutador sem medida
E pronto a dar a mão

A habilidade genética
Já vem de geração
A força e a sabedoria
Tem raiz no coração

É isso apenas reserva
Aumentar na educação
O crescimento em moral
Lhe dá essa distinção

E o santanense tem bases
Desde o berço adquiridas      
E cria a sua personalidade
Com qualidades definidas

Começa a se desenrolar
Com primor e realidade
A evolução vai crescendo
Lhe dando maturidade    

Com o seu ar sorridente
Dá largas ao coração
Se identifica no trabalho
E é artista com distinção

Com a arte do bem-fazer
E a magia do coração
Molda a obra mais difícil
Assegurando a perfeição

Não se define em estatura
Nem pela categoria
São mãos para toda obra
Demonstrando a cada dia

Não tem títulos rotulados
Só tem a escola da vida
São obreiros persistentes
Ganhando a luta merecida

São seguidores à letra
Dos sábios heróis do passado
Removendo cada história
De exemplo concretizado

Não se deixar amedrontar
É o lema do santanense
Querer alcançar o horizonte
Sentindo que lhe pertence

O santanense ergue os braços
Nem se deixa derrotar
Ele tem algo que o move
Persiste e é singular

Sempre com espírito de jovem
Não passa dos vinte anos
A idade para ele não conta
Chega a oitenta a fazer planos

Vive um dia após o outro
Mas sempre com esperança
Sem ver o tempo passar
Ficando apenas lembrança

Ele é sempre livro aberto
A passar o seu saber
Melhor mestre de cultura
Os filhos não podem ter 


Por: Arlinda Spínola

Santana é um Poema

Santana é um poema
Emociona os corações
Tem o perfume e a beleza
Em todas as estações


Por si chama atenção
Quando chega à primavera
Engrinaldada de flores
Com manto do mar à serra

Deslumbra os corações
Até parece que dança
Com a brisa em permanência
Embalando a sua manta

Os seus sons a murmurarem
Desvendam muitos segredos
Quem escuta com carinho
Ouve bem os arvoredos

A chegada do verão
Veste de tons a rigor
As cores originais
Traz emoção e amor

Depois passa o outono
Parece a desfilar
Com os tons a exibir
Se deixando esvoaçar

Em seguida chega o inverno
Mostrando o rosto a chorar
As lágrimas são as nascentes
Que põe riachos a cantar

Santana muito colorida
Entre verdes, os telhados
Ela proclama poemas
Muito bem organizados

Santana é obra-prima
Marcada pelo o autor
Seu valor é infinito
Por ter a mão do Criador

Santana poema de amor
É paixão de cada olhar
Seu perfume inebriante
Faz a letra singular

É a beleza que entoa
O rimar da poesia
Faz sonhar a muita gente
Viver nesta freguesia

Quem olhar bem ao redor
Enche logo o coração
Passando o lindo cenário
De poema p’ra canção


Por: Arlinda Spínola

terça-feira, 4 de setembro de 2012


Semana Infernal

A nossa ilha toda bela
Encantada de flores
Seu tapete verdejante
Delírio dos seus amores

Mas tudo mudou de figura
Com as labaredas de fogo
Em desespero infernal 
Deixou todo o nosso povo

Viam-se as chamas malvadas
A esvoaçarem pelo ar
Parecia o diabo solto
Sem se deixar controlar

O fogo de mão criminosa
Sozinho não acendia
Está em segredo dos deuses
Mas será descoberto um dia

Ficou a ilha de luto
Com o preto do carvão
Cinzas e fumo a esvoaçar
Tapando a nossa visão

O diabo mostrou o inferno
Orgulhoso e sem compaixão
Em nada ele deixou sombras
P’ra nos dar uma lição

Tudo arder sem controle
Destruindo sem explicação
Deixando num mar de cinzas
Floresta e a povoação

Ao calor daquele inferno
Ao fumo e ardor do cheiro
Sem certeza e improviso
Trabalhava o Bombeiro

Salvar é sempre o lema
Mesmo com noção do perigo
Põe a sua vida em risco
P’ra safar a do inimigo

Esta ilha deslumbrante
Ficou tão desfigurada
As cicatrizes profundas
Deixou-a toda marcada

O realçar dos coloridos
Em preta sombra ficou
E no coração do povo
Essa marca se revelou.  

A mão do homem é cruel
Desbasta a natureza
Não aprende com os seus erros
E repete a mesma baixeza

Por: Arlinda Spínola










segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Fui Emigrante

Estava em plena juventude
Com sonhos a abarrotar 
Tinha pouca experiência
Mas quis me aventurar 

Corri atrás da aventura
Com a força da ilusão
O sonho me despertava
E tomei a decisão

Eu sonhava muito alto
Por vezes mesmo acordado
Eu sentia uma revolta
Era esse o meu pecado

Sem ter eira nem beira
Nem trabalho a agarrar
Sentia uma vontade louca
Só mesmo para emigrar

Eu fazia muitos planos
Voltando sempre atrás
Sem ver a realidade
Era frustração a mais

A emigração era o rumo
Que me encorajava mais
E a falta de experiência
Deixava-me, de pé atrás

Um dia sem muito pensar
Deixei para trás a Madeira
A bagagem era a mágoa
E uns cêntimos na algibeira

Disse adeus à minha terra
À família e ao país
A dor que eu levava
Deixava-me cicatriz

Despedi-me em silêncio
Sem abraçar a ninguém
Comigo levava a mágoa
De deixar a terra mãe

Ao por o pé no navio
Não quis olhar para trás
Tinha o coração partido
Angustiado demais

E assim segui viagem
Indo atrás da ilusão
Deixando a linda Madeira
Levando-a no coração

Cheguei a outro país
Encontrei a realidade
Eu sentia-me tão perdido
Dentro daquela cidade

Batendo de porta em porta
Andando sem direcção
À procura de trabalho
P’ra ter uma refeição

E assim se passaram dias
Desconhecia esse mundo
Sem ter para onde ir
Sentia-me um vagabundo

Em angustia permanente
Sem poder voltar atrás
Ia sofrendo em silêncio 
Esperando encontrar paz

Com as lágrimas pela face
Sem ter onde repousar
Ia vagueando em vão
E a vida a desmoronar

Se o arrependimento matasse
Não tinha sobrevivido
Sentia-me abandonado
Completamente perdido

Quando chegava a noite 
Era outro pesadelo
Não tinha onde reclinar
A não ser o cotovelo

Cada noite que passava
Trazia-me a esperança
Mas o dia terminava
Só ficando a lembrança

Quando tudo se esgotava
Apareceu-me um amigo
Com carinho de irmão
Tirou-me logo do perigo

Ele abriu-me a sua porta
Recebeu-me de coração
Restabeleceu-me as forças
Tirando-me da aflição

Ele aí, me encaminhou
Deu-me a cana p’ra pescar
Especializou-me na arte
E pôs-me asas para voar

Ele tirou-me da rua
Em troca nada pediu
Fez-se de pai para mim
E aos poucos, me ergueu

Hoje tenho uma família 
Vivo com paz e amor
Mas todo o meu sucesso
O devo a esse senhor 

Já regressei à Madeira
Com histórias por contar
Mostro o meu lado bonito
E o outro quero ocultar

Quem um dia tiver de partir
Não saia sem direcção
Onde não somos conhecidos
Todos nos julgam ladrão

Ele a me contar a história
A magoa me transmitia
Deixando a descoberto
A ferida que sentia

Por: Arlinda Spínola





O Momento do Artista

O artista é real
Retracta cada momento
A expor a sua arte
Com amor e sentimento

Com a maneira de ser
Cada artista se revela
Seja palhaço ou pintor
Ou mesmo na passarela

Cada qual com seu jeito
A arte é sentimental
Também é algo que reflecte
Em levantar a moral

São os gestos e as palavras
Os traços e até as cores
Que revela nos artistas
Sentimentos e valores

Arte, é cultura antiga
Mas sempre na actualidade
Cada obra concluída
É fascino de verdade 

Todo o homem é artista
Naquilo que faz de bom
Seja qual for a sua arte
Dignifica-lhe o seu dom

O amor também é arte
Quem sabe amar é artista
É a obra mais sublime
Que leva o mundo à conquista

De todas a mais perfeita
É a obra do amor
Cada qual será artista
Empenhando o seu valor

É difícil modelar
O que vai nos corações
Só o artista do amor
Lhe dará as condições

Por: Arlinda Spínola


EU VI UMA NUVEM

Eu vi uma nuvem correr
Empurrada pelo vento
Parecia a se desfazer
Forçada e em desalento

Era uma figura tão linda
Um par de bailarinos seria
Dançando ao sabor do vento
Em passos de correria

A nuvem sobressaía
Naquele azul radiante
Parecia estar exposta
Num expositor de diamante

Fui seguindo aquela nuvem
E ela mudou de figura
Parecia estar a lutar
No espaço com bravura

Se uniu ás outras nuvens
Formando um mar de algodão
Para despistar o vento
Mas não mudou a direcção

Seguiram sempre em frente
Sem se poder desviar
Nem a nuvem foge ao destino
Que Deus tem para lhes dar

Todos nós somos a nuvem
Agitada pelo vento
Andamos aqui no mundo
Por vezes sem sentimento

Somos o vento que empurra
E a nuvem que vai à frente
Nesta passagem no mundo
Nada fica indiferente

Por Arlinda Spínola


Caldeirão Verde

domingo, 2 de setembro de 2012

 Ensino Recorrente

Estou no ensino recorrente
Com a maior felicidade
Parece que voltei atrás
Ao tempo da mocidade

Já sabia umas letrinhas
Que aprendi em criança
Mas a evolução de hoje
Não é a da minha infância

Quero adquirir conhecimentos
Para manter-me actualizada
O saber não ocupa lugar
E a idade não desculpa nada

Na aprendizagem sou lenta
O que me faz problema.
Mas eu não quero parar
Crescer foi sempre meu lema

A escola para mim
Tem sido uma porta aberta
Sinto-me mais confiante
E atraída à descoberta

Cada dia é sempre único
O que não me deixa parar
Mas as novas tecnologias
Eu as quero desvendar.

Seja a mínima descoberta
Me erradia o coração 
Faz-me olhar para o mundo
E ver outra dimensão

Por vezes sinto-me a esvoaçar
A Informática é uma atracção  
A experiência a cada dia
Aumenta-me a tentação

Uma aprendizagem diferente
Uma partilha de vida
É um dar e receber
Da experiência vivida

Faz-me rejuvenescer
A clarear o meu Outono
Penetra e dá-me brilho
Que me tira o abandono

A escola é um espelho
Que reflecte o além
É uma mesa que sacia
A sabedoria do bem

Quem nunca apreendeu a ler
Anda sempre pela mão
Nunca sentiu liberdade
Para expandir o coração
  
Dá vida aos sentimentos
Razão que me faz viver
Nesta idade tudo conta 
No intuito de vencer

A professora é a extensão
Que nos faz crescer na vida
E o aluno será o sucesso
Ou uma luta perdida

 Por: Arlinda Spínola






domingo, 19 de fevereiro de 2012

TEMPESTADE NO FUNCHAL 20 DE FEVEREIRO 2010


Dia 20 de Fevereiro de 2010
Forte chuva surpreendeu o Funchal
Em que deixou a cidade
Num calhau tão brutal

A chuva caída nos montes
Fez as encostas desabar
Levando tudo para as ribeiras
Sem ninguém poder controlar

Até houve muitas casas
Que ficaram destruídas
Com aquelas derrocadas
Elas eram atingidas

Eram pedras lama e árvores
Tudo a correr para as ribeiras
Deixando em desespero
Quem vivia naquelas beiras

Sem saber para onde ir
Com o perigo a espreitar
Algumas pessoas morreram
Querendo se salvar

A capelinha das Babosas
Também foi na enxurrada
Salvando-se o crucifixo
E a Imagem da Virgem Imaculada

A chuva era tão forte
Que pôs tudo a se destruir
Deixando toda a gente aflita
Sem saber para onde ir

A Protecção Civil
Enviava comunicados
Que as pessoas não saíssem de casa
Que estava perigo em todos os lados

O enxurro era tanto
Levava tudo à frente
Sem deixar lugar seguro
Num risco constantemente

Eram aquelas enxurradas
E as pessoas a correr
À procura de lugar seguro
Para poder sobreviver

Viam tudo a deslizar
Naquela força de enxurro
Os carros eram arrastados
Junto com o pedregulho

Bombeiros e Polícia
Não tinham mãos a medir
Estavam a arriscar a vida
Para o seu dever cumprir

Até houve um bombeiro
No cumprimento do dever
Estava a salvar uma senhora
E com ela veio a falecer

Foi arrastado pelas águas
Quando salvava a senhora
E assim foram duas vidas
Naquela mesma hora

A força das aguas era tanta
Que ninguém a podia conter
Corria por todo o lado
Como não se fazia prever

A televisão transmitia imagens
Do trágico acontecimento
Deixando a ilha inteira
Em sobressalto e desalento

A ilha inteira ficou unida
Naquela grande aflição
Ao ver tanta tristeza
Abalava o coração

Aquele centro da cidade
Estava sem segurança
Nem os centros comerciais
Se davam segurança

As montras ficaram tapadas
De pedras e enxurrada
Era tudo um mar de lama
Que não se via mais nada

As ruas eram ribeiras
Difíceis de desaguar
A água entrava nas lojas
Com tudo a se alagar

Foi um dia horrível
E um cenário tão triste
No meio daquilo tudo
Um povo que não desiste

Mostravam na televisão
O que estava a passar
Aquela fúria das aguas
Das ribeiras a saltar

Eram ondas tão gigantes
Que fazia apavorar
A enchente era constante
Pondo a cidade a transbordar

Eram as três ribeiras
Com caudal sem igual
Foi uma grande catástrofe
Nas ruas do Funchal

A Protecção Civil
Foi posta toda em acção
Trabalharam noite e dia
Sem terem interrupção

Eram Bombeiros e Polícia
Numa azafama sem parar
A salvar gente em risco
Que a água queria levar

Houve muitos feridos
Que conseguiram escapar
No meio de tanto perigo
Alguém os fora salvar

Houve dezenas de mortos
E centenas sem abrigo
Foi um dia de incertezas
Para familiares e amigos
  
Todos queriam saber dos seus
Mas não havia comunicações
As notícias que se conseguia
Era mesmo das televisões

Com as ruas interrompidas
Ninguém podia passar
Os anseios eram tantos
Para com as famílias falar

As pessoas deram as mãos
Com toda a generosidade
Ajudando-se umas às outras
Naquela fragilidade

Uns ficaram sem abrigo
E outros sem condições
Foram alojados nas Forças Armadas
Nessas mesmas instalações

Houve outros a se recolher
Em casa de familiares ou amigos
Sempre não estavam sozinhos
Sem se esquecerem dos perigos

Não havia lugar seguro
Na cidade do Funchal
Em qualquer rua ou canto
Nada estava normal

As ribeiras não pouparam
Avenidas nem rotundas
Deixando tudo em calhau
Com consequências profundas

As ruas eram ribeiras
Não dava para acreditar
Aquilo ali era estrada
Parecia calhau de mar

Era tão ameaçador
Arrastava tudo à frente
Trazia rocha e lama
Com força surpreendente

Muitos fizeram de repórteres
Mesmo sendo população
Filmando os acontecimentos
E enviando para a televisão

E assim era transmitido
Imagens daqui e de além
Enchentes das três ribeiras
Sem ilusões p’ra ninguém

As imagens correram mundo
De todo aquele terror
Deixando os imigrantes aflitos
Ao ver tanto horror

Não havia comunicações
O que fazia barreira
Para poder contactar
Com a ilha da Madeira

Enquanto não contactavam
Com os seus familiares
O pânico era constante
Em todos os lares

Depois do sábado de horror
Vimos a destruição
Aquelas ruas do Funchal
Estavam numa desolação

Eram os carros esmagados
Entre aquele pedregulho
As montras mal tratadas
Abarrotar de entulho

O que na sexta brilhava
No sábado em lixo ficou
A calamidade foi tão grande
Que o Funchal desfigurou

Contabilizaram os mortos
E os outros desaparecidos
Contaram os desalojados
E também os feridos

Ainda estava a chover
Já começaram a trabalhar
Na limpeza da cidade
P’rá normalidade voltar

A desentulhar a cidade
Foram máquinas e camiões
Tudo na maior ordem
Mesmo sem haver condições

Juntaram-se à Protecção Civil
A Câmara e empreiteiros
A trabalhar sem limites
Noites e dias inteiros

Foram todos unidos
A ajudar no que podiam
Sem olhar a profissões
De tudo eles faziam

Também os comerciante
Sem muito mais esperar
Puseram mãos à obra
E começaram a limpar

Era uma dor de alma
Ver tanta destruição
O” STOCK que havia
Era lixo pelo chão

Juntaram-se todos unidos
Funcionários e patrões
A limpar as suas lojas
Para por em condições

Os estragos eram tantos
A não dar satisfação
Ainda viam as percas
Para a contabilização

Os parques de estacionamento
Também foram afectados
Os carros que estavam lá dentro
Ficaram todos alagados

Foram precisas motores
Para tirar tanta água
Estava cheio até ao cimo
Que fazia grande mágoa

Foram limpar as ribeiras
Para a água desaguar
Mas o entulho era tanto
Que estava a transbordar

Não foi só o Funchal
Que o mau tempo afectou
Também noutros Concelhos
A intempérie chegou

Foi em Câmara de Lobos
Santa Cruz e Ribeira Brava
A enchente foi tão rápida
Que a todos apavorava

O Concelho da Ribeira Brava
Foi muito afectado
Onde também houve mortos
E outros desalojados

Caíram muitas derrocadas
No caminho principal
O que deixou a Serra de Água
Em isolamento total

O Curral das Freiras
Também ficou isolado
Com a chuva torrencial
Eram derrocadas por todo o lado

Foram várias as zonas da Madeira
Que ficaram afectadas
Com imensas inundações
E as muitas derrocadas

 Por Arlinda Spínola