Somos árvores em movimento
Não temos raiz ao chão
Andamos aqui no mundo
No meio da tentação
Andamos ao sabor do vento
No meio da tempestade
Por vezes até sem rumo
A perder a liberdade
Por este mundo incerto
No meio da ilusão
Caímos na encruzilhada
E desviamos a direcção
Somos árvores desfolhadas
A se deixar iludir
Olhamos a nossa imagem
Nem a sabemos definir
Queremos o que não temos
Sem valorizar o essencial
A cegueira é tão grande
Não deixa ver o real
E andamos a patinar
Num beco sem saída
Deixando o tempo passar
A se complicar a vida
Não deixamos a nosso árvore
Dar o grito de primavera
Sufocámos o seu clamor
Com egoísmo sobre ela
Sem fé somos uns arbustos
E não podemos crescer
Pois só pensamos em nós
Isso não deixa vencer
O nosso coração é frágil
E é a fé a levedura
É aquilo que nos faz crescer
Dando ao mundo outra candura
Por vezes andamos sem rumo
A procurar aventura
Deixando o nosso ser
A murchar de tanta secura
Somos árvores na terra
Como ondas sobre o mar
Temos a nossa energia
Que nos põe a flutuar
A nossa árvore sem fé
É um viver adormecido
É passar o tempo em vão
Num andar despercebido
A fé nos restabelece
E faz-nos resplandecentes
É um crescer em luz viva
Mostrando outras vertentes
Somos árvores desgarradas
A andar sem direcção
Repetimos o mesmo erro
Sem aprender a lição
Por Arlinda Spínola
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