segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A crise não desfalece


A crise não desfalece
Acompanhou-me na vida
Sempre que alargo o passo
Ela prega-me a partida

Sou humilde mas honesta
Não sou uma mulher letrada
Sempre fiz as minhas contas
A não ficar a dever nada

Nasci no tempo da crise
Sem nenhuma regalia
A honestidade foi o lema
P’rá minha filosofia

Mas entre gente ilustre
Observo a sua vivencia
Vejo que a sabedoria
Não equilibra a consciência

Na família que eu nasci
Não conheci a maldade
Fez que o mundo para mim
Fosse só honestidade

Sem a malícia do mundo
Foi crescendo encegueirada
Hoje vejo a descoberto
Como eu estava enganada

Já mesmo no cumprimentar
Rotulava-se os senhores
A vénia revelava a posse
Das categorias superiores 

Os senhores eram poucos
Toda a gente os conhecia
Pois o povo explorado
Ocupava a maioria

Agora este regime
Com disfarce de encantar
Mediu os pés pelas mãos
Pondo o povo a mendigar

Foram iludindo o povo
Na maior desorganização
Deixando as contas no prego
Gentinha sem discrição

Agora o contribuinte
Sem dinheiro na carteira
Com impostos redobrados
A pagar a roubalheira

O tempo para trás não volta
A miséria nos alcança
Os nossos contabilistas
Esqueceram da poupança

Só aprenderam a tirar
Esqueceram a multiplicação
Dividiram o que não tinham
Deixando muitos sem pão

E lá ficou Portugal
Despido na bancarrota
Sem equilibrar as contas
O levaram para a derrota

Agora é um quebra-cabeças
Para arranjar ordenados
Até os da função pública
Sujeitos a desempregados  

E Portugal a se desmoronar
Como um puzzle já desfeito
Para unir as peças todas
Duvido que tenham jeito

São dívidas exorbitantes
Que nos deixa a duvidar
Sonhos desfeitos p´ra muitos
Ferida que já mais vai curar

Até já estão a vender
O património dos portugueses
Dispostos a fazer compras
Os exploradores chineses

Já estamos penhorados
Vão-nos vender em leilão
Para as despesas correntes
Das reformas em questão

Para uns, pouco demais
P’ra outros a abarrotar
São reformas de vergonha
Que nos faz desequilibrar

A pagar os honorários públicos
Estão os trabalhadores
Sustentando os preguiçosos
Vadios, doentes e senhores

Ficam-lhes os calos nas mãos
E os bolsos sem dinheiro
Sempre a esticar os cêntimos
P'ra remediar o mês inteiro

Por Arlinda Spínola

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